Acredito que não existam mulheres que nunca foram abandonadas neste planeta.
Da mesma maneira que eu acredito que não existam mulheres que não possuam a sua “força-tarefa” particular!
O que é isso?
É muito simples: é aquele grupo de amigos e amigas que estão apenas a um telefonema de distância quando você realmente precisa deles...
Claro que a força tarefa não pode ser utilizada a qualquer tempo, por qualquer motivo, e nem por qualquer coisinha boba do tipo discussão porque ele não quis ir assistir ao mesmo filme que você no cinema e você acabou indo contra a sua vontade assistir à continuação de O Predador, no lugar da versão moderna de Love Story...
Tem pouco tempo (coisa de um mês), que eu sofri um baque daqueles que você sente vontade de se jogar do alto do primeiro edifício que apareça. Coisa braba mesmo. Relativa àquele namorado que me abandonou, mas nem vale a pena comentar.
Fato é que, no meio da tarde de um dia de semana, estava eu no trabalho quando a bomba delicadamente subiu no meu colo sem que eu me desse conta e resolveu explodir ali mesmo...
Eram exatamente 16:05 (isso eu não me esqueço) quando veio a notícia.
Eu consegui fingir que continuava trabalhando normalmente por cerca de uns 10 minutos, quando não agüentei e disse que ia sair para fumar um cigarro e só voltei (atrasada) no dia seguinte.
Mas não foi assim tão simples.
Eu saí de lá, fiquei uns 15 minutos sozinha pensando na vida, não queria chorar nem nada, mas na verdade o meu estado de choque era tão profundo que não me deixava ter nenhuma outra reação que não fosse olhar atenciosamente para a parede, para o chão, para o céu que estava lindo naquele dia...
Depois de 15 minutos eu consegui pegar o telefone e ligar para uma amiga que faz parte da tal força tarefa.
A conversa foi mais ou menos assim:
- A - mi - ga.......
(Isso era eu chorando e tentando formar algumas frases que a fizessem entender)
- Oi amiga, ta tudo bem?
- Na - ão....
- Onde você está?
- No tra – a – ba – lho....
- To saindo de casa....
No meio tempo que levou para que ela saísse de casa e chegasse ao meu trabalho, algumas pessoas da agência saíam (discretamente eu tenho que reconhecer), para ver se eu ainda estava lá, se estava bem, se tinha me jogado do terceiro andar... Posso dizer que eles foram muito compreensivos com toda a situação, pq ninguém reclamou de eu ter saído no meio da tarde e ter voltado somente atrasada no dia seguinte por causa de problemas com um namorado que nem era mais meu.... RS...
Enfim, ela foi de ônibus, espertamente prevendo que eu não tinha condições nenhuma de sair por aí dirigindo, o que ela faria por mim, já preparada para passar a noite na minha casa...
Ficamos algumas horas conversando por lá, até eu me acalmar e passar da fase do: Por que ele fez isso comigo? O que eu fiz para merecer isso? Eu acho que eu sou uma boa pessoa não sou? Por que estou sendo castigada dessa forma? O que foi que eu fiz? E blá blá blá....
Quando eu comecei a entrar na fase do: aquele idiota vai se arrepender, vai olhar para trás e vai querer me pedir desculpas – ela percebeu que já podíamos sair dali e recrutar o resto do pessoal.
Foi assim que fomos para um barzinho, ligamos para a outra amiga (a tal psicanalista – RS), e depois para um amigo.
Coisa de uns 30 minutos estávamos todos reunidos e falando um monte de besteiras.
Tudo bem que me permitiram passar pela fase do “O que foi que eu fiz para merecer isso e blá blá blá” toda de novo, uma me dando explicações mais racionais e o outro o ponto de vista masculino...
Importante informar que nenhum deles achou uma explicação convincente para o que me aconteceu, nem mesmo o amigo homem, e chegamos todos à conclusão de que certas coisas só acontecem comigo mesmo....
Depois de um tempo eu já estava muito melhor, mais conformada, já tinha chorado, gritado, xingado, feito inúmeras perguntas aos céus e, finalmente, estava pronta para dirigir e voltar em segurança para casa!
Dormi triste, transtornada, mas um pouco mais tranqüila, principalmente sabendo que eu tenho amigos assim, que não são exatamente só amigos, mas a minha força tarefa particular que eu posso chamar a qualquer hora do dia ou da noite!!!!
Foi nesse dia que decidimos realizar a festinha do exorcismo.....
Ai, ai... o que seria da minha vida louca sem meus amigos????
Beijos da Lola
Corra Lola, Corra! às 20:48
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